quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fui um grande fã de boxe. Minha experiência mais próxima com o esporte foi em 2002, quando ainda cursava o segundo grau. Ganhei uma aula grátis e fui todo pimpão para a acadêmia. Depois de um aquecimento intenso, o professor mandou eu subir no ringue. Tomei um soco no queixo, cai e fui embora. Hoje ando armado.

Enfim, essa breve história para lembrar de um personagem marcante da minha infância. Mike Tyson. Eu só comecei a gostar de boxe quando vi o Mike Tyson lutar pela primeira vez. E acredito que com muitos foi assim. Lembro-me como se fosse há 22 anos. Tyson massacrou Trevor Berbick e conquistou o título mundial de pesos pesados da WBC. Com 20 anos, foi o mais jovem pugilista a alcançar esse feito.

Era bacana ver o Tyson lutando. Ele conquistou um público novo para o esporte e o status de um dos maiores pugilistas da história. Não tinha pra ninguém. Nem mesmo para os anunciantes, que viam os milionários investimentos em publicidade acabarem com 40 segundos de luta. Tyson não ia ao ringue para dar espetáculo, mas sim para fazer seu trabalho e voltar para casa o mais rápido possível.

Tyson destruia. Era o cara.



Com todo respeito aos seus admiradores, nunca curti basquete. É um dos poucos esportes que não acompanho com entusiasmo. Sei lá, acho cansativo, arrastado, talvez pelas inúmeras paralisações. Até a NBA perdeu a graça pra mim. Principalmente após a aposentadoria de Michael "Air" Jordan. Pois, quer entretenimento de qualidade e lances absurdamente genias no esporte? Vá até o Youtube e busque por Jordan. É bizarro.

Jordan foi uma combinação singular de graça, velocidade, raça, força, talento artístico, habilidade e um forte desejo de competição. O homem simplesmente redefiniu o conceito de superstar no esporte. Hepta hexa campeão da NBA com o Chicago Bulls, Jordan teve uma assustadora média de 30,1 pontos em quinze temporadas. Se um dia eu vi um jogo de basquete até o final, ele estava em quadra.

Jordan, esse era o cara. E ainda controlava a gravidade e andava no ar. Sério.



Você ainda acorda domingo de manhã para assistir Fórmula 1? O problema é seu. Isso só valia a pena quando sabiamos quem realmente mandava nessa modalidade do automobilismo: Ayrton Senna. A bandeirinha brasileira na linha de chegada, o Tema da Vitória, até o Galvão Bueno se esguelando Ayrton, Ayrton, Ayyyyyyyyyyrton Senna do Brasil!!! fazia valer a pena ter queimado o último dia do final de semana levantando cedo.

Além de talento, Senna tinha carisma. Somente após sua morte, em 1994, descobriu-se que ele havia doado 50 milhões de dólares para as crianças carentes, fato que ele manteve em segredo durante a vida. Já o Instituto Ayrton Senna investiu cerca de 80 milhões de dólares nos últimos anos em programas sociais e em parcerias com escolas, governos, ONGs e setores privados.

Era uma verdadeira rotina começar o domingo com uma vitória do Senna. E ainda tinha um episódio do Macgyver depois do GP na Globo. É, ao lado do rei Pelé, o maior esportista brasileiro da história.

O Senna, não o Macgyver. Que também era o cara.



Três ícones do esporte no final dos anos 80/início dos anos 90. Três gênios. Três que você falava com toda a certeza do mundo: "esse é o cara no esporte dele".

Agora, eu pergunto: quem é o cara do boxe? Eu não faço a mínima idéia qual lutador detém o cinturão dos pesos pesados. Quem é o cara do basquete? Kevin Garnett? Steve Nash? LeBron James? Kobe Bryant? Falam tantos nomes, nenhum me chama a atenção. Cade o Dream Team? Perdeu pra Argentina esses tempos. E o cara da Fórmula 1? Alonso sumiu, Hamilton faz cada barbeiragem e o Massa ainda tem muito pneu pra gastar.

Eu tinha Tyson, Jordan e Senna como heróis da vida real. Tinham arqui-inimigos. Batalhas históricas e heróicas. Todo jovem precisa de um ídolo para se espelhar, ter como referência e inspiração. Mas eles sumiram. O esporte perdeu sua aura.

Ou, sei lá. Talvez eu não tenha mais os olhos mágicos de criança.

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